Wednesday 21 November 2012

Uma universidade aos gatos

Faço doutorado em Física na Universidade Ben-Gurion do Negev, em Beer Sheva. Há uma semana a universidade está fechada por causa dos constantes ataques que Beer Sheva sofre. Essa paralização afeta mais de 15 mil estudantes, bem como cerca de 3 mil funcionários.


Abaixo um vídeo sobre a situação na universidade:


Quase todos os edifícios da universidade são de concreto, e não é difícil encontrar refúgio quando toca uma sirene. Aliás, há salas protegidas contra mísseis em todos os andares de todos os edifícios, e a sinalização é muito boa. A sala protegida do meu andar fica bem na frente da sala dos doutorandos onde tenho minha mesa, e quando toca a sirene metade do departamento se encontra lá pra bater um papo estranho de alguns minutos.

O que fazem os seguranças que ficam no portão de entrada da universidade, longe de todos os prédios? Nesses dias eles ganharam o seu próprio refúgio. Minutos após a instalação do tubo de concreto a sirete tocou mais uma vez e lá foram todos se esconder:
 

Eu já estive presente na universidade durante diversos ataques dos foguetes. Não em "tempos de guerra" como agora, mas em "tempos de paz", quando alguns poucos foguetes podem ser lançados de Gaza em um atrito de poucas horas ou dias, normalmente sem muita divulgação da mídia fora de Israel. Já fui pego diversas vezes na minha sala no departamento de física (a 5 passos do refúgio), no laboratório, andando por aí indo almoçar. Teve uma vez que eu queria ir a uma palestra no auditório e os ingressos haviam terminado. Meia hora antes da palestra teve um foguete, e eu fiquei feliz(!), porque provavelmente alguém faltaria à palestra eu eu poderia ter um lugar para sentar (foi exatamente o que aconteceu).

Um aluno da universidade está fazendo um video log nesses tempos de guerra, confiram:


Leia mais a respeito em
The Times of Israel - For the flagship university of southern Israel, sirens replace bells

Tuesday 20 November 2012

Eufemismos

Alguém anônimo me deixou o seguinte comentário no blog:
Yair, olha a "pérola" que foi publicado pela Piauí e no Estado de São Paulo. O link encontra-se abaixo. Quem é esse cara?
Por que ele tem tanto ódio de si mesmo?
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-20/anais-da-imprensa/vocabulario-do-jornalismo-israelense
O texto é de autoria de Yonatan Mendel, de Maio de 2008. Pelo que encontrei no Google, Mendel publica artigos de opinião no Haaretz, mas não sei nada mais a respeito.

Eu gostei do artigo. Aliás, gostei bastante. Recomendo a todos que o leiam. Só pra dar um gostinho:
O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio – uma situação a qual qualquer outra organização armada invejaria. Mesmo quando uma bomba de 1 tonelada é jogada sobre uma densa área residencial de Gaza, matando um homem armado e catorze civis inocentes, inclusive nove crianças, ainda assim não são mortes intencionais nem homicídios: são assassinatos dirigidos. Um jornalista israelense pode dizer que os soldados das FDI atingiram palestinos, ou que os mataram, ou que os mataram por engano, e que os palestinos foram atingidos, ou foram mortos ou mesmo que encontraram a morte (como se estivessem procurando), mas homicídio está fora de cogitação. A conseqüência, quaisquer que sejam as palavras usadas, foi a morte, nas mãos das forças de segurança israelenses, desde o início da segunda intifada, de 2 087 palestinos que nada tinham a ver com a luta armada.
Não acho que Yonatan Mendel tenha ódio de si mesmo. Sou ávido consumidor da mídia israelense, e posso testemunhar que é assim mesmo. No artigo de Mendel não encontrei uma citação a um eufemismo usado pelo jornalismo israelense que me parecesse estranha.

Israel não está acima de qualquer crítica. Conheço defensores incondicionais de Israel, que varrem para baixo do tapete toda notícia ou fato inconveniente. Ninguém está se fazendo nenhum favor fechando os olhos aos dados trazidos pelo texto de Mendel. Tendo dito isso, antes que me chamem de 'judeu-que-odeia-a-si-próprio' ou 'esquerdista-safado-pró-palestino', digo que na minha opinião a maior parte do sofrimento do povo palestino é responsabilidade dos próprios líderes palestinos. Eu não precisava fechar o texto dizendo isso, poderia parar antes, mas agora já escrevi estas palavras e me deu dó de apagar.

Monday 19 November 2012

Curtas

É impossível deter terroristas
Haaretz, 19/11/2012, Moshe Arens, ex-Ministro da Defesa e ex-Ministro do Exterior
em hebraico
em inglês [pago]
O fato de que depois de cada confronto vem um época de calma relativa não necessariamente indica que os terroristas, que lembram os golpes que levaram da última vez, foram dissuadidos [deterred]; Isso pode indicar que eles estão aproveitando o tempo para renovar seus estoques de arma e conseguir mais foguetes de longo alcance, para o próximo embate. É isso que aconteceu em Gaza e é isso o que acontece com o Hizballa no Líbano. Uma considerável superioridade militar pode dissuadir países, mas terroristas pelo jeito não se pode dissuadir. Os seus objetivos não tem limites e o horizonte de seus planos tendem à eternidade.

BUM!
Na língua hebraica destes dias já não se encontra mais a palavra explosão (פיצוץ - pitzutz), só se diz 'bum', e no plural 'bumim'. Eu mesmo já foi contaminado com a moda. Hoje mesmo fui à casa de um amigo, toquei o dlin-dlon, ele abriu a porta, o seu au-au me recebeu efusivamente, entrei e fui oferecido um copo de psssst.

Hackers atacam Israel
O site de cupons israelense groupon.co.il foi invadido por hackers paquistaneses. Parte da mensagem deixada é
Your war on Gaza will make you cry blood and let the next few days prove that to you ! ....
And let know that the possible options before the Zionist soldier entered Gaza are four options, no more!
1- Either will be killed 2- or will be captivated 3- or will be handicapped 4- or will be mentally ill
~ Our last words to all fucking Israelis and fucking Jews !! ~

Chegou a hora da diplomacia
Haaretz, 19/11/2012, Ami Ayalon, antigo chefe do Shin Bet (shabak).
em hebraico
Aprendemos que não é possível eliminar uma organização terrorista por meio de força militar. O braço militar do Hamas se nutre de um amplo apoio popular, que o dá legitimação e recursos para as atividades militares. Portanto o golpe mais duro no Hamas será a sua desconexão de sua base de apoio popular que hoje ele tem. É esse o objetivo de longo prazo que Israel deve ter.
A desconexão do apoio popular do Hamas militar-terrorista exige uma ação em duas vias: o combate deve seguir para que não se fortaleça o prestígio do Hamas aos olhos da população palestina, e em paralelo deve-se oferecer ao público palestino a alternativa política, que lhe será preferível ao caminho que o Hamas o conduz.

Saturday 17 November 2012

Minhas impressões de Impressions of Gaza

Recebi alguns comentários sobre o post Terror é... dizendo que fui parcial, e que mencionei apenas o terror que israelenses sofrem, e nada do terror que palestinos sofrem por parte de Israel.

Antes de mais nada, isso aqui é um blog, e contei no post mencionado apenas experiências que tive em primeira mão. Parcial? Claro, não nego. Essa é toda a ideia do blog. Em momento algum neguei o sofrimento dos palestinos, contei apenas o meu ponto de vista, pois acho importante que isso faça parte do diálogo.

Meu amigo Henrique me passou um link para um artigo de Noam Chomsky entitulado Impressions of Gaza, de 4 de Novembro de 2012. No artigo Chomsky enumera sistemáticas violações dos direitos humanos e da lei internacional por parte de Israel.

Então vamos lá:

Eu não defendo as atitudes dos governos de Israel de olhos fechados. Não acho que os judeus sejam o povo escolhido. Não repito o mantra de que o exército de Israel é o mais ético do mundo. Nenhuma terra é santa, e uma vida humana certamente vale mais que uma rocha.

O texto de Chomsky é bem escrito e apresenta opiniões e fatos. Não vou fact-check os fatos, assumirei que são verdadeiros. O que está faltando nesse texto certamente é um pouco olhar crítico. Chomsky escreve
"Punishment of Gazans became still more severe in January 2006, when they committed a major crime: they voted the “wrong way” in the first free election in the Arab world, electing Hamas"
 Faltou dizer que uma das primeira medidas do Hamas em Gaza foi matar a oposição. Viva a democracia.

Faltou dizer que na introdução do tratado de fundação do Hamas, de 1988, está escrito que
Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o oblitere, da mesma forma que obliterou outros antes dele.
Fonte: The Avalon Project

Líderes do Hamas até os dias de hoje expressam esse tipo de opinião:
Co-fundador do Hamas e atual ministro do exterior do governo do Hamas Mahmoud Al-Zahhar disse em 2010
"Nós estendemos nossas mãos para alimentar esses cães famintos e bestas selvagens, e eles devoraram nossos dedos. Nós aprendemos a lição -- não há lugar para vocês entre nós, e vocês não tem futuro entre as nações do mundo. Vocês estão dirigidos à aniquilação".

Cito outros dois, só pra não ficar dúvida:
Yunis Al-Astal, 2011: Os Judeus foram trazidos à Palestina para o 'Grande Massacre' com o qual Allah irá 'aliviar a humanidade de seu mal'.
Um sermão de 2010 televisionado pela televisão do Hamas: A aniquilação dos judeus será atingida pelos muçulmanos; A destruição de seu estado só será atingido através do islã, por aqueles que se curvam diante de Allah.

Finalmente, faltou dizer que os líderes do Hamas não querem nenhuma forma de acordo com Israel. Para terminar o conflito, teremos que dividir essa terra em dois, mas lemos o seguinte:

Ministro do Exterior Mahmoud Al-Zahhar, 2010: Nosso plano nesse momento é liberar cada centímetro de terra palestina, e estabelecer um estado ali. Nossa meta final é ter a Palestina inteira. Eu digo isso alto e claro para que ninguém possa me acusa de usar táticas políticas. Nós não reconheceremos o inimigo israelense.

Ministro do Interior e da Segurança Nacional Fathi Hammad, 2012: Portanto, deste lugar, nós declaramos a todos aqueles que usurparam nossas terras que eles devem se preparar a partir, porque nós nos preparamos para Jihad. Vocês vão embora, enquanto nós fomos chamados à batalha. Nós somos os donos desta terra. [...] Nós dizemos: não haja reconciliação com o secularismo. Não deve haver reconciliação com qualquer outro caminho que não o do islã.

Eu poderia ainda falar da doutrinação de crianças palestinas que crescem querendo ser mártires, ou mesmo a negação do holocausto no currículo escolar. Materiais não faltam, mas eu já cansei, procurem vocês que é fácil fácil de encontrar.

Se Noam Chomsky se sente confortável em deitar na cama com esse tipo de gente, be my guest. Em seu texto pecou pelo que não disse, e sua omissão foi estrondosa. É interessante como tantos da esquerda ao redor do mundo defendem o Hamas por ser o lado mais fraco do conflito. Daqui a poucas semanas em Porto Alegre o Fórum Social Mundial será dedicado à questão palestina. Quero ver quantas sessões serão dedicadas à ideologia e métodos do Hamas.

Eu me identifico com a esquerda israelense, e não me faltam críticas aos meus governantes. Só pra deixar o texto balanceado, lá vão algumas...

-Vi agora mesmo na TV uma frase do Ministro do Interior Eli Yishai: "O objetivo da operação é fazer Gaza voltar à idade média." Deve-se destruir a infra-estrutura de água, eletricidade, ruas, transporte e comunicação em Gaza. "Apenas então a terra se silenciará por 40 anos", citando o versículo bíblico de Juízes 3:11. "Depois que os habitantes de Tel Aviv quase levaram [um míssil] eles não vão reclamar."
Esse babuíno chamado Eli Yishai bem sabe sobre a idade média, como líder do Shas ele sonha em nos fazer todos voltar para lá...

Binyamin Netanyahu é uma das personalidades públicas mais asquerosas que conheço, e olha que conheço várias. Ele poderia ter feito grandes coisas nos últimos 4 anos, mas preferiu não nos levar a lugar algum no que diz respeito ao conflito (e em outros respeitos também). Não compro a ideia de que não tem com quem negociar. Não concordo com a construção nos assentamentos judaicos nos territórios ocupados. Sim, ocupados.

Agora que já critiquei todos os lados, termino dizendo que a internet nos dá incríveis possibilidades de ler e aprender sobre opiniões diversas. O problema é que muito poucos o fazem. Quase todos nós acabamos por nos encontrar em bolhas de amigos que pensam como nós, e que reforçam as nossas opiniões. Não concordo com a visão de mundo de Chomsky, mas foi bom ter lido o texto, e é sempre saudável ter suas opiniões testadas por outros. Gostaria sempre de receber críticas positivas ou negativas (sempre construtivas) de minhas opiniões.

Estudando em tempos de paz e de guerra

Minha esposa (Liat) é professora de artes em uma escola de ensino fundamental que fica numa cidade meia hora de carro ao norte de Beer Sheva. Compartilho com vocês um projeto super legal aqui de Israel, que introduz computadores e internet como ferramentas de ensino.

O nome do projeto pode ser traduzido como "Aprendizado a distância usando a computação no século 21". Cada professora da escola tem um laptop no qual prepara suas aulas e pode passar parte do conteúdo usando um projetor na própria sala de aula. Usos comuns são vídeos, imagens, sites de interesse, músicas, gráficos, etc. As professoras tem um site onde anotam o tema da aula e a lição de casa a se fazer, e dados sobre os alunos como presença, comportamento e se trouxeram os devidos materiais à aula.

Todos os alunos tem senhas para entrar no site da classe, onde podem acompanhar qual é a lição de casa a ser feita, participar de um fórum aberto de todos os alunos de sua classe com a professora, ou se quiserem podem mandar mensagens pessoais para a professora (professor homem não tem, uso mesmo o feminino). Nesse site da classe a professora tem a opção de fazer upload de trabalhos de casa e os alunos podem entregar trabalhos feitos de volta. Os pais dos alunos podem entrar no site e acompanhar o que se passa na classe.

Há um mês houve um treinamento nacional de "estudos em tempos de emergência". Os alunos foram mandados de volta para casa um pouco mais cedo que o normal e tinham que fazer uma lição que a professora havia posto no site da classe. Esse treinamento simulava como seria o contato entre professora e alunos quando as aulas são canceladas por motivos de segurança. Muito convenientemente (obrigado, Hamas) estamos em tempos de guerra, e todas as crianças do sul de Israel estão em casa. Obviamente o conteúdo que se aprende em um dia normal de escola não pode ser passado de forma virtual, mas isso ajuda a manter os alunos ainda conectados com a escola, e faz com que não esqueçam muito do que foi aprendido caso a permanência em casa seja prolongada, como parece ser o caso agora. Um outro benefício é que os alunos mantem contato entre si via o fórum e recebem apoio da professora, figura central do seu cotidiano.

O projeto é bastante mais amplo do que contei nas linhas acima, e me parece uma ferramenta excelente para os dias de hoje. Claro que a internet não garante em nada que a experiência de aprendizado do aluno seja mais "moderna". Muitas das professoras tem acima de 40 anos, e para elas a internet não é o mesmo que para os jovens. Uma professora que trabalha com minha esposa se vangloriou em contar que tocou em classe um video do youtube com uma poesia que estava ensinando em classe (uau, realmente revolucionário). Já a professora de inglês sabe usar bem melhor a internet, e faz questionários do Google Forms para os alunos responderem em casa, e recebe as respostas da lição de casa em uma planilha antes mesmo da aula seguinte começar.

Abaixo um video que exprime bem os desafios do uso da tecnologia em classe:


Israel tem o direito de se defender

“O principal objetivo da guerra é a paz” Sun Tzu
A doutrina da guerra justa é um modelo de pensamento e um conjunto de regras de conduta que define em quais condições a guerra é uma ação moralmente aceitável. Tomas de Aquino, um dos mais influentes teólogos e filósofos de todos os tempos, afirma que uma guerra é justa sempre que: (1) esta ocorra não por ganho próprio, mas por um bom e justo propósito (o exemplo dado é o do interesse nacional); (2) é travada entre duas ou mais autoridades institucionais; e (3) que tenha como motivo central a paz, mesmo em meio a violência. Se analisarmos essas três condições, não será difícil chegarmos a conclusão de que estamos diante de uma operação militar justificada (nos dois sentidos – de ser justa e entendível).

Israel tem o direito de se defender? Não, Israel tem o dever de se defender. Nossos governantes são eleitos para preservar a nossa segurança. Nossos impostos são investidos em inteligência e infra-estrutura militar. Nossa história nos mostra que não podemos (da noção de ‘ter o direito de’) nem devemos (‘ter o dever de’) esperar por ajuda externa para manutenção da ordem civil. A ação militar em Gaza é justificada, sem dúvida. No entanto, em meio as emoções que a guerra nos faz sentir, um pouco de razão e frio questionamento não faz mal a ninguém. A operação ‘Chumbo Fundido’ (2008) tinha como objetivo publicamente declarado trazer o Gilad Shalit de volta e desmantelar a estrutura do Hamas. Apesar de nenhum dos dois objetivos ter sido alcançado – Gilad Shalit foi solto em 2011 e o Hamas, como podemos ver, não foi neutralizado - a sensação foi de vitória. Uma vitória da ilusão, da paixão momentânea, do imediatismo político e do discurso militarista vazio. Uma vitória verdadeira não nos conduziria, quatro anos depois, a uma nova operação. Nesse contexto, cabe a pergunta: qual o objetivo da operação ‘Pilar Defensivo’? É a segunda etapa de um projeto militar de longo prazo? Se for, que seja a última; que o Hamas não tenha mais força para se reerguer enquanto grupo terrorista, que a tranqüilidade seja instalada em Gaza e no sul e centro de Israel. Entretanto, se essa não for a tão esperada última etapa acho cabível a reflexão sobre os meios adequados para chegarmos ao nosso objetivo final: a paz. Deveremos (no sentido de ‘ter o dever de’) buscar alternativas para solucionarmos essa situação insustentável; a diplomacia política é um meio razoável e tem sido efetivo ao longo da história.

Israel tem o direito e dever de usar todos os meios que estiverem ao seu dispor para obter a tão almejada segurança nacional. Um desses meios é a guerra; outro é a diplomacia. Ambos têm os mesmos objetivos: a restauração da ordem, a consolidação da justiça, e o estabelecimento da paz. Se um meio não se mostrar efetivo o outro deverá ser utilizado e vice-versa; o que não podemos é dar-nos o direito de nos tornarmos reféns dos meios, enquanto esquecemos dos fins. Mesmo que não publicamente declarado, espero que a operação ‘Pilar Defensivo’ alcance o objetivo que toda guerra tem; aquele que Tomas de Aquino percebeu há séculos atrás: uma paz duradoura.


* Este é o segundo guest-post de Bruno Lima. Ele é formado em ciência política e sociologia pela Universidade Hebraica de Jerualem, e atualmente é mestrando e pesquisador de ciência política pela mesma instituição.
email para contato: bruno.lima@mail.huji.ac.il

Friday 16 November 2012

Terror é...

Essa última onda de violência já causou a morte de 3 israelenses de Kiryat Malachi, atingidos por um foguete de Gaza. Dezenas de outros civis foram feridos até agora. Vale notar que o efeito do terror vai muito além de danos físicos. Listo abaixo algumas coisas que pensei, para ajudar a entender o que é viver sob perigo iminente. Alguns podem parecer banais, se comparados com morte, mas o meu argumento é que poucos são aqueles atingidos fisicamente pelo terror, a maior parte do dano vem de outra forma que não se lê a respeito nos jornais.

  • terror é guardar vários enlatados no quarto revestido de casa, pois as autoridades assim nos instruíram a fazer em caso de guerra prolongada.
  • terror é dormir de calça de flanela e não de cueca, pois a sirene pode tocar e terei de ver os vizinhos nas escadas do prédio.
  • terror é achar que uma moto na rua ou o grito de uma criança é a sirene, e ter o coração batendo forte em 1 segundo.
  • terror é andar pela rua pensando onde eu posso me jogar em caso de sirene.
  • terror é viajar de carro com minha filha bebê na cadeirinha no banco de trás, e pensar onde dá pra parar o carro em caso de sirene, e o que fazer com um bebê no colo no meio da rua, e um foguete no ar.
  • terror é ter uma bolsa pronta com as coisas mais importantes (documentos, dinheiro), para apressar a evacuação caso se faça necessário.
  • terror é a mãe abraçar a filha e sussurrar "vai ficar tudo bem", quando na verdade ela é que está tentando se convencer disso.
  • terror é ligar para alguém depois de um foguete cair para saber se está tudo bem, e ter de esperar 3 minutos para a chamada completar, pois todo o país resolveu usar o celular no mesmo segundo.
  • terror é ter de fugir da própria casa porque a sua cidade recebe foguetes sem parar.
  • terror é pensar nos familiares que estão nas cidades mais atingidas (Ashkelon por exemplo) e que não tem tempo sequer de tomar banho ou esquentar comida no microondas.
  • terror é ler no facebook um post de um amigo que às 2 da manhã pergunta se vale a pena ele ir dormir, pois os foguetes não param em Beer Sheva e não vale a pena deitar pra ter que levantar com a sirene e ir para as escadarias do prédio.
  • terror é usar a palavra "só" na seguinte frase: "Só 20 e tantos foguetes cairam nas cidades de Israel, dos mais de 300 lançados".
  • terror é fazer piadas sobre a situação quando me encontro com amigos, porque quando não se tem opção, é melhor rir que chorar.

The paradox of conditions

Publico abaixo um texto de um amigo meu de Israel, Bruno Lima. Ele é formado em ciência política e sociologia pela Universidade Hebraica de Jerualem, e atualmente é mestrando e pesquisador de ciência política pela Universidade Hebraica. Acho o texto muito bom, e concordo com o que diz.
email para contato: bruno.lima@mail.huji.ac.il

The paradox of conditions

Netanyahu has failed in his diplomatic project, if we consider there was one. Mahmoud Abbas introduced himself as the partner Israel has been searching for a long time to develop a lasting peace process; our prime minister did not seize the opportunity. The Israeli public got used to arguments as “we will not negotiate under pre-conditions” or “I am willing to dialogue, but we will keep building on occupied territory”. These sorts of argument make us believe that Netanyahu plays under the following rationale: “I want to discuss about my peace, but you insist on talking about your peace; this way, we will not reach an agreement.” In this sense, the prime minister has succeeded in imposing his conditions: “I do not negotiate under pre-conditions”; it may seem a simple word game, but it is within this governmental rhetoric that one can find the interests hidden from the public eyes. In fact, the ‘paradox of conditions’, as I call this phenomenon, has been the strategy adopted in order to avoid the so-expected true dialogue; a dialogue that requires political willingness and diplomatic skill – qualities that our prime minister apparently does not possess. As a result of this strategy the Israeli people is now facing a deadlock that presents itself as follows: “either I am on “their side”, accepting their conditions, or I am on “our side”, defending my interests fervently. What was supposed to be a dialogue turned into a conflict; a process that should have approximated the two sides make them even more distant; the similarities have been shadowed by sharp differences and the Israeli population did not hesitate standing on its prime minister’s side. Netanyahu imposed his condition of no pre-conditions and at the first sight won the battle.

In fact, the evasive rhetoric employed by Benjamin Netanyahu was capable of dissuading the popular imaginary of the peace process. In this way, the prime minister did exactly what we expected him to do: nothing. In four years of cadency, Netanyahu insisted on saying that only with national security the Israeli people can get peace; instead, what we have been seeing is the institutionalization of fear rather than of peaceful environment. In fact, currently we do not feel there are neither a viable peace process under way nor a stable national security in the long run. The paradox of conditions strategy was unquestionably a mistake; it was so because while security has no conditions, peace definitely has. For true peace the two sides need to agree at some point, and to do so they must forgo their egoistic interests for a greater cause. Netanyahu has not perceived this difference and turned a diplomatic process into a justified military operation; the current situation in Gaza is the outcome of an Israeli political continuum: our government does not want a Palestinian State. Along the last four years we have seen a little bit more of the same policies. Actually, it has become hard to believe that the Israeli society will refrain itself from imposing conditions for peace; what is not taken into consideration is the fact that without these conditions the people of Israel can get a better condition of life. I genuinely hope I am wrong, but I am just afraid that the laden phrase ‘the people of Israel lives’ will lose its meaning.

Thursday 15 November 2012

Apoio popular

A grande maioria da população de Israel apóia a operação em Gaza, mesmo que o preço seja centenas de foguetes e a interrupção da rotina em meio país. A população do sul já está farta de viver em constante medo. Não é só agora que caem foguetes, isso acontece ao longo do ano inteiro, principalmente em Sderot e nos kibutzim e moshavim ao redor de Gaza.

O objetivo da operação é aumentar consideravelmente o poder de dissuasão de Israel. Não encontrei uma boa tradução de הרתעה (hartaa) para o português, em inglês é deterrence, melhor que dissuasão, acho. A ideia é que no futuro o Hamas pense 10 vezes antes de lançar qualquer foguete, pois sabe que Israel está disposto a responder duramente.

Já ouvimos isso há quatro anos, o objetivo da operação Chumbo Fundido era a mesma. Funcionou? Na minha opinião, não.

Durante muitos meses houve calma na região, e parecia tudo bem. Aos poucos foguetes de curto alcance foram sendo mandados aos assentamentos em volta de Gaza, até que disparos esporádicos a Ashkelon, Beer Sheva e Ashdod eram considerados, se não aceitáveis, "coisas da vida".

Eu também apoio a operação do exército em Gaza. Apoio a destruição dos armazens de armas do Hamas e demais organizações, e apoio o assassinato seletivo dos líderes do Hamas. (Embora quando eu penso bem sobre o assunto, vejo a problemática envolvida em se matar pessoas que não foram julgadas e não tiveram o benefício do due process de um Estado de Direito. Minha opinião muda dependendo do humor, mas já está na hora de fechar os parênteses...) Sigo. Acho que a solução é dupla:
1) deterrence
2) diálogo com os palestinos, para a solução do conflito.
em suma: o bom e velho carrot and stick



O Hamas não é uma organização com a qual Israel pode dialogar. Pelo menos não hoje, não com os objetivos que eles tem. Por outro lado, Netanyahu não pode parar qualquer diálogo com a Autoridade Palestina por 4 anos e nos oferecer somente um tipo de solução (stick). Netanyahu nos fez um desserviço (na verdade vários, mas no que diz respeito ao tema em questão fico com apenas um), quem sabe o novo governo a se formar em poucos meses saiba balancear os músculos e o cérebro.

20 anos depois

Faz alguns minutos tocou sirene em Tel Aviv e todas as cidades ao redor, inclusive Givataim, onde estou agora. São poucos os detalhes, dizem que não houve feridos ou danos, tampouco se sabe o local de queda. Aliás, não se sabe se o foguete chegou ao chão ou foi atingido no ar pelo sistema de defesa.

As informações não são divulgadas para que os terroristas de Gaza, que certamente estão acompanhando os noticiarios israelenses, possam saber se o míssel foi bem sucedido e assim calibrar futuros foguetes.

Desde a Guerra do Golfo as sirenes de Tel Aviv não soam alertando perigo. Isso é certamente um marco na história do conflito. Ontem o exército de Israel conseguiu destruir um armazém de mísseis de longo alcance do Hamas, e os analistas na TV dizem que restam pouquíssimos mísseis de longo alcance. Mesmo assim poucos mísseis bastariam para paralizar metade do país.

Aqui no apartamento em Givataim não tem "mamad" (quarto protegido), então as orientações são ir para a parte mais interna do edifício, que é onde o elevador e escadas ficam. Abaixo um registro da minha família nas escadas, foto tirada há 1 hora, enquanto a sirene tocava.

[Yaara-filha, Liat-esposa, Doris-sogra, Lilach-cunhada]

No tempo que me levou escrever estas linhas, tocou sirene quatro vezes em Beer Sheva, e outras tantas em várias outras cidades. Os mísseis continuam chovendo por aqui. São 250 desde ontem.

Foguetes

Fui ver depois na TV imagens dos 10 foguetes lançados à Beer Sheva. Abaixo um vídeo que achei no youtube.


A sirene tocava, parava um pouco e seguia a tocar. O sistema de defesa Domo de Ferro lançou anti-mísseis, e as explosões podem ser vistas no vídeo.

Os foguetes seguiram a ser lançados durante a noite para todas as cidades em volta de Gaza. Cerca de um milhão de pessoas vivem na área de risco, e nem todos tem família em outros lugares ou até mesmo um quarto protegido como o que temos em nosso apartamento.

Hoje de manhã um foguete atingiu um prédio em Kiryat Malachi, matando 3 pessoas e ferindo outras tantas.

Malas feitas

Agarramos nossa maior mala e começamos a jogar tudo o necessário para nós 3 passarmos os próximos dias no centro do país, longe dos foguetes. Quando estava tudo arrumado, desci sozinho para jogar o lixo fora. Encontrei lá em baixo um outro cara da física que mora no prédio colado ao meu, ele também com um saco de lixo na mão.

Eu: - Ah, é você?
-Se preparando para ir embora? Nós já estamos de saída.
-Pra onde?
-Pra casa dos pais da minha mulher, em Nes Tziona. E vocês?
-Pra casa da minha sogra em Givataim.
-A cidade está esvaziando rápido agora. Bom, tenho que ir!
-Se cuida, até mais.

Dois maridos e pais indo jogar o lixo fora antes de ter que fugir de sua própria casa. Que coisa doida.

Não tinha tanta gasolina no carro, mas quem quer entrar em um posto de gasolina com foguetes caindo a qualquer hora? Em menos 1 hora de viagem ao norte já estávamos no posto de gasolina da estrada, além do alcance dos foguetes. Mais alguns minutos e chegamos em Givataim, recepcionados pela avó da minha filha que estava com o coração na mão até chegarmos.

Pretendemos passar os próximos dias aqui no centro e ver o que acontece. Ninguém sabe quanto tempo vai levar isso, então vamos ficando...

Reitor

Um amigo publicou essa foto no facebook ontem, com a legenda:
A situação certamente está ruim quando o próprio reitor da universidade anda por aí e evacua estudantes da universidade!!
המצב בהחלט גרוע כשרקטור האוניברסיטה מסתובב בכבודו ובעצמו ומפנה סטודנטים מהאוניברסיטה!!

O bicho tá pegando


Mais de um ano depois do último post, volto à ativa. Ontem de tarde começou uma operação militar do exército de Israel com o assassinato do "chefe do estado maior" do Hamas, Hamas Ahmed al-Jaabari.

Eu estava na universidade indo com o meu orientador para uma das secretarias. Tocamos a campainha, batemos na porta e nada, ninguém abre. Depois de vários minutos vem alguém lá de dentro e diz: "Ué, vocês estão fazendo o que aqui? Nos mandaram evacuar a universidade!"

Assim fiquei sabendo que algo sério já estava acontecendo. A Liat (esposa) me ligou e contou dos últimos acontecimentos, me urgindo para ir logo para casa. Ainda voltei com o meu orientador para a sala dele e ficamos conversando, não achava que seria assim grave.

Fiquei então sabendo que a universidade inteira havia cancelado todas as suas atividades, assim rápido. Apesar disso várias pessoas ainda circulavam por lá, afinal de contas já estamos acostumados com essa situação, o que já pode ser? Vi os meus colegas da física e perguntei se eles não iriam pra casa por causa da guerra, e a resposta foi um riso como se eu tivesse contado uma piada...

Voltei pra casa umas 18:30, vi na TV tudo o que estava acontecendo. O comentarista disse que a partir das 20:00 o Hamas poderia começar o seu contra-ataque. Comentei com desdém: "como ele pode saber que justo às 8? esse pessoal só inventa..."

Batata. 20:02 toca a sirene e lá vamos nós para o quarto de segurança de casa. Desta vez uma diferença em relação ao passado -- tinha minha filha de 8 meses no colo. Normalmente a sirete toca por uns 40 segundos e depois ficamos em silêncio esperando o bum. Desta vez ela tocou umas 4 vezes seguidas, e enquando tocava escutávamos vários buns, todos juntos. No total foram 10 foguetes. Ficamos mais alguns minutos lá dentro e saímos do quarto de segurança, para arrumar a mala e picar a mula. Não deu 5 minutos outra sirente. Bebê no colo, fecha-se a porta, mais buns. Saímos novamente, passam outros 5 minutos e mais sirene. Nessa hora estamos arrependidos que não levamos tão a sério e não saímos do Sul antes.

Tuesday 8 November 2011

Filho do Hamas

Mosab Hassan Yousef é filho de um dos fundadores do Hamas, e escreveu sua história no excelente livro "Son of Hamas" (tem também em português).

Monday 10 October 2011

Dividir a Terra de Israel em dois estados é um imperativo moral

Por AB Yehoshua, 09.10.2011
Fonte: http://www.haaretz.com/print-edition/features/dividing-the-land-of-israel-into-two-states-is-a-moral-imperative-1.388861

Não existe conceito mais problemático em relação à identidade judaica que a pátria (Moledet). No entanto, uma conexão fundamental e natural a uma pátria é a pedra angular sobre a qual toda identidade nacional é construída. A ligação ao território supera em importância tanto a língua nacional comum, a religião compartilhada e, certamente, um contexto histórico compartilhado. Sem uma conexão fundamental a uma pátria - que é muitas vezes comparada ao vínculo materno fundamental - a identidade nacional é instável e oca.

Mas a identidade nacional judaica tanto espantou quanto perturbou o mundo pela sua sobrevivência prolongada, apesar da fraqueza fundamental e central do conceito de pátria que ela tem; ainda mais, porque a complexa atitude judaica em relação à pátria continua, até certo ponto, a nutrir inimizade anti-semita.

"Sai da tua terra natal [Moledet] e da casa de teu pai para a terra que eu te mostrarei." Esta, a primeira frase falada ao primeiro judeu, foi adotada por muitos judeus ao longo da história judaica, seja como um imperativo teológico ou como uma possibilidade existencial e ideológica. De fato, Abraão deixou não só sua terra natal e a casa de seu pai, bem como deixou a nova terra que lhe foi concedida e desceu ao Egito; e mesmo que ele finalmente tenha voltado à Terra de Israel, seu neto Jacó e todos os seus descendentes também foram para o Egito e não retornaram à sua pátria até o fim de seus dias.

Assim, o povo judeu não foi forjado em sua terra natal, nem foi a Torá recebida em sua terra natal, mas no deserto, uma região de transição entre a diáspora e a pátria designada. Isso é excepcional: há muito poucas nações cuja identidade física e espiritual não foi forjada em sua pátria. Após a destruição do Primeiro Templo, os exilados na Babilônia cantaram com intensa emoção, "Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos quando nos lembramos de Sião". No entanto, quando depois de apenas 40 anos, o rei da Pérsia exortou-os a voltarem à sua terra e reconstruir o Templo devastado, apenas alguns deles concordaram em retornar à Terra de Israel, e antes de retornarem lançaram palavras de raiva aos seus irmãos que permaneceram voluntariamente no exílio.

Durante os 600 anos do período do Segundo Templo, mais da metade do povo judeu começou a vagar por todo o mundo antigo, enfraquecendo o elemento da conexão física com a Terra de Israel. Embora a identidade nacional e religião judaica não tenha esquecido o elemento de uma pátria, ela tornou a pátria concreta uma pátria virtual. Assim, os judeus também minimizaram o valor e a importância do elemento da pátria em outras nações, cujos países lhes pareciam uma rede de pousadas e hotéis, em que os judeus, os hóspedes educados, passavam de um para o outro, seja por vontade ou por coerção.

Os romanos não o exilaram os judeus da Terra de Israel após a destruição do Segundo Templo. Todo historiador do período do Segundo Templo irá confirmá-lo. E durante 1.500 anos depois da desintegração do Império Romano, nenhum romano ou outros inimigos foram posicionados nas fronteiras da Terra de Israel para evitar o retorno dos judeus à sua terra. O fraudulento mito dos judeus exilados pelos romanos, que está profundamente implantado nos argumentos do direito histórico à terra, nem sequer é apoiado na liturgia judaica, que por gerações reiterou, "Por causa de nossos pecados fomos para o exílio de nossa terra," e não "fomos exilados de nossa terra."

Na verdade, os cerca de dois milhões de judeus (a suposta população) que viviam na Terra de Israel nessa época não foram carregados em navios romanos e exilados à força. Em vez disso, eles gradualmente abandonaram sua pátria (particularmente após o fracasso da revolta de Shimon Bar Kochba) e juntaram-se à grande dispersão judaica em todo canto do mundo antigo.

Através da doutrina de Yavne e seus sábios, a pátria virtual cada vez mais se enraizou na identidade judaica. A halacha, ou lei religiosa judaica, que se virou com apenas dez judeus de quorum para oração, fez possível a dispersão nacional mais surpreendente na história humana. Não foi apenas uma dispersão histórica, mas também ativa e dinâmica, e permanece assim até hoje - do Afeganistão, Irã, Uzbequistão, Bukhara e pela Romenia, Turquia, Iraque, bem como o Iêmen e o norte da África, toda a bacia do Mediterrâneo, a Rússia, com seus povos e satélites, Europa Oriental e para o oeste. E, claro, quando o continente americano foi descoberto, os judeus, também, apressaram-se a atravessar o Atlântico e dispersar-se em todo o Novo Mundo, de norte a sul, até a Terra do Fogo. Nem eram remotas suficientemente a África do Sul, Austrália e Nova Zelândia para serem deixadas de fora pelos judeus.

Desde o início do século XIX, quando apenas 5 mil dos 2,5 milhões de judeus do mundo residiam na Terra de Israel (de acordo com a Enciclopédia Hebraica), cerca de 80 por cento dos membros do povo judeu mudaram seu país de residência. Horrivelmente, algumas das vítimas do Holocausto não foram assassinados em seus países de residência, mas foram levados à força para ser exterminados em uma não-pátria: campos da morte vazios de caráter nacional.

A "pátria virtual", no cultivo de que os judeus se destacaram ao longo da sua história, de modo geral foi olhada com estranheza, para dizer o mínimo, por outras nações. Afinal, é compreensível que as pessoas não gostem de ter a sua casa considerada uma casa de hóspedes permanentes por estranhos, mesmo que eles sejam educados e amantes da paz, e altamente eficientes e produtivos, como as comunidades de judeus em geral o eram em todas as terras da sua dispersão no passado e presente. Assim, quando a identidade nacionalista secular dessas nações se tornou mais forte, e o sentimento de pátria se tornou um elemento crítico para eles, em muitos lugares, as reservas teológicas do passado se transformaram em ódio concreto. O "legalistas da pátria virtual" foram obrigados a tentar transformar seus países de residência em pátrias de verdade em termos de sua identidade, seja por assimilação de um tipo ou outro, ou - se não houvesse outra escolha -, tornando a pátria virtual uma pátria concreta.

Em romances e poemas, em filosofias Gordonianas sobre um vínculo renovado com o cultivo do solo, em ideologias morais Brenneritas sobre a responsabilidade completa pela realidade, em utopias Herzlianas e em ameaças à la Jabotinsky- "Se você não liquidar a diáspora, a diáspora liquidará você "- os vários e diversos pais do sionismo tentaram seduzir os judeus no início do século 20 em reabilitar o conceito de pátria, que tornou-se tão debilitado ao longo dos séculos.

Mas havia um território disponível para servir como uma pátria? Os russos não renderiam soberania de Birobidjan, nem os argentinos nas terras oferecidas pelo Barão de Hirsch. Uganda foi o fruto de um delírio de um oficial britânico do Escritório Colonial, que nunca pediu aos habitantes Africanos se eles estavam dispostos a converter sua pátria em um Estado judeu, para não mencionar o fato de que, provavelmente, nenhum judeu teria posto os pés lá. Somente na Terra de Israel era possível para convencer os judeus - e não facilmente - em transformar a pátria virtual em uma real.

No entanto, a Terra de Israel já era então a pátria dos habitantes árabes, e não faz diferença se no início do sionismo os palestinos se definiam como uma nação separada ou como parte da grande nação árabe. Os pântanos e os terranos baldios da Palestina eram parte da identidade de seus habitantes, assim como o desolado Negev é parte da identidade dos israelenses, que não abrirão mão sequer de uma colina semeada de rochas por ali. Poderiam os judeus ter retido, por controle remoto, um direito histórico à terra de Israel durante as centenas de anos quando estavam ausentes dela? Isso é sequer possível? O único direito moral de transformar a pátria judaica virtual em uma pátria concreta na Terra de Israel resultou unicamente do sofrimento de uma nação que havia sido condenada à morte. De fato, na prática, esta pátria nova-velha salvou centenas de milhares de judeus europeus que chegaram ali após a Declaração Balfour, em um período em que as portas da América e outros países estavam fechadas para eles.

Assim, porque a pátria não é território apenas, mas também um elemento primordial da identidade pessoal e nacional, a divisão da Terra de Israel em dois estados não é apenas a única solução política, é também um imperativo moral. Aqueles que tomam aos poucos o território dos palestinos, como o Estado de Israel está fazendo agora nos territórios, são obrigados a saber que estão saqueando e infringindo a própria essência da identidade dos habitantes - e quem melhor que nós sabe, conhecendo a história judaica, quão preciosa a identidade nacional e religiosa foi para os judeus e quanto eles estavam dispostos a sacrificar por ela.

Ao mesmo tempo, a identidade da pátria dos palestinos é quase o oposto da identidade de nossa pátria, e em certo sentido, isso também requer exame. Em comparação a uma nação que mudou de pátria como um viajante freqüente, para muitos palestinos a pátria é por vezes reduzida à aldeia e à casa, e é por isso que cada desenraizamento deles fomenta tragédia e crise. Os palestinos nos campos de refugiados na Faixa de Gaza ou na Cisjordânia não estão muitos quilômetros de distância das casas e as aldeias de onde fugiram ou foram expulsos na guerra de 1948, embora eles ainda sejam residentes da pátria palestina. Seu sentimento é que eles não só foram ao exílio da aldeia e da casa, mas de seu próprio território, e assim por 64 anos, eles continuaram a viver nas condições indignas e incapacitantes dos campos de refugiados sem o desejo ou a capacidade de reabilitar-se em suas pátria. O direito de retorno à pátria, que é legítimo, tornou-se o direito de retorno para a casa de Israel, que é impossível e desnecessário.

Neste período de desespero político, que está transbordando para o novo ano, não vale a pena tentar esclarecer conceitos antigos e, assim, procurar um novo avanço?


Tradução: Google Translate + ajustes de Yair Mau

Friday 23 September 2011

Opinião: Discurso de Netanyahu

Aí vão algumas opiniões soltas sobre o discurso de Netanyahu na ONU.

- Desnecessário dizer que o povo judeu esteve aqui [estou em Israel] há 4000 anos, e há 2700 anos, etc. Não que não seja verdade, mas não contribui em nada. Em um acordo de paz, esses fatos não são relevantes, a situação atual é que conta. O reino de Salomão era muito maior do que esse pedaço de terra onde estou, e não por isso algum judeu (são) está exigindo Damasco ou Amman.

- Netanyahu é um excelente orador. Não concordo com tudo que ele disse, mas seu discurso conseguiu me tocar. Gostei de sua proposta de se encontrar com Abu Mazen em New York. Pode ser um blefe, algo que se diz para jogar a bola para o outro lado da quadra, mas de qualquer forma, esse é o espírito: mais diálogo, e o quanto antes.

- Netanyahu tem razão que o conflito já existia antes de haver assentamentos nos territórios, que antes de 1967 os palestinos não reconheciam o direito de Israel existir. Disso ele conclui que os assentamentos de hoje não são a causa do conflito. Em lógica se chama isso de Non Sequitur, i.e., a conclusão não decorre das premissas. O fato é que hoje existe uma liderança palestina legítima que reconhece Israel e que os assentamentos impedem o avanço da paz (não nos esqueçamos do fundamentalismo islâmico).

- Netanyahu deveria ter dito que a criação do estado palestino é a coisa certa a se fazer, que á justo que eles tenham um país. Isso sem dar respaldo a todas as reivindicações palestinas (direito de volta dos refugiados por exemplo), mas haveria de ser reconhecer que todos os governos de Israel tem responsabilidade em parte da injustiça da condição em que os palestinos se encontram hoje (eles próprios tem boa parte também, antes que me mandem emails irados).

Opinião: Discurso de Abu Mazen

Aí vão algumas opiniões soltas sobre o discurso de Abu Mazen na ONU.

- Os palestinos devem ter um estado próprio? Certamente. Esse estado deve ser (aproximadamente) nos territórios conquistados em 1967? Sim. O que não dá é chutar o balde e pintar Israel nas cores mais negras, se livrando de parte da responsabilidade do fracasso do processo de paz.

- Concordo com Abu Mazen em alguns pontos relacionados à ocupação. Israel não deve seguir construindo em nenhum lugar dos territórios, isso apenas dificulta um futuro acordo entre as partes. Se Israel é sincera quando diz que quer um acordo, é seu dever congelar as construções indeterminadamente. Isso não acontece, portanto concluo que o atual governo israelense não é tão sincero assim, o que provavelmente é verdade.

- Chamar Israel de Terra Santa é um absurdo. Não ajuda em nada, só atrapalha. Por causa de pessoas que acreditam que a terra é santa que estamos onde estamos. Ambos os lados tem que renunciar para haver um acordo. Quem impede o processo de paz por motivos de "santidade da terra" é fundamentalista, nada menos.

- Abu Mazen deveria ter falado sobre o fundamentalismo islãmico e a parte dos palestinos na situação em que nos encontramos. Talvez não nessas palavras, mas com esse espírito. Cada lado contou a sua própria narrativa e ignorou totalmente a do outro. Esse não é exatamente um ponto de partida ideal para um acordo definitivo...

Desafios em se definir a fronteira

Os vídeos abaixo são de uma excelente reportagem do New York Times.

Part 1: The Key Issues Explained


Individual Voices - Different video perspectives on Israel and a Palestinian state


Part 2: The Battle of the Barrier


Individual Voices - Different video perspectives from both sides of the barrier


Part 3: The Settlement Issue


Individual Voices - Different video perspectives about the settlements issue

Tuesday 20 September 2011

Israel os quer de volta

Nova campanha do Ministério da Absorção, chamando os israelenses que vivem fora do país para voltarem.

-Daddy, daddy, daddy. Aba [pai].
Eles sempre seguirão sendo israelenses. Os seus filhos não. Ajude-os a voltar a Israel.


-Noa, como vai?
Tudo bem.
-E que festa é hoje, você sabe?
Christmas!
Eles sempre seguirão sendo israelenses. Os seus filhos não. Ajude-os a voltar a Israel.


-Ah, agora eu entendo por que você não queria ir à festa! Música, velas... Por que a gente não fica hoje em casa? Dafna, o que é isso? [Dafna está lendo algo sobre Yom Hazikaron no computador]
Eles sempre seguirão sendo israelenses. Os seus companheiros nem sempre entenderão o que isso significa. Ajude-os a voltar a Israel.

Sunday 4 September 2011

Durban 3

Vídeo muito bem feito, sobre a facilidade em que se passam resoluções na ONU contra Israel.

Tuesday 23 August 2011

Atire primeiro

Estou lendo agora alguns artigos que questionam a declaração de Bibi Netanyahu de que os ataques terroristas no Negev na última 5a-feira (18/08) foram responsabilidade dos Comitês de Resistência Popular (CRP). No vídeo abaixo, Netanyahu categoricamente põe a responsabilidade dos ataques sobre a liderança do CRP, recém mortos em um ataque de retaliação pela aeronáutica israelense. O vídeo é curto, quem quiser passa direto ao minuto 1:15 para a declaração.


O Jerusalem Post do dia 19/08 publicou uma reportagem dizendo que embora o CRP apóie os ataques, ele nega que tenha sido o responsável.
Fonte: 'Gaza-based PRC denies responsibility for Eilat attack'

Joseph Dana, repórter do site +972, publicou no dia 20/08 o artigo "IDF Spokesperson: We DIDN’T say PRC was behind Eilat attack". Ele cita uma entrevista da reporter Lia Tarachansky do Real News Network com a tentente-coronel Avital Leibovitz, porta-voz do exército de Israel. Quando perguntada qual são as evidências da responsabilidade dos ataques, respondeu:
Nós não dissemos que esse grupo foi responsável pelo ataque terrorista. Nós baseamos isso em informação de inteligência, bem como em alguns fatos que nós apresentamos há uma hora a algumas agências de notícias e jornalistas. Algumas das descobertas foram dos corpos dos terroristas, e o que eles estavam usando, por exemplo, balas de Kalashnikov e rifles Kalashnikov que são muito comuns em Gaza.
A reportagem do Real News Network é bastante interessante, e a gravação da entrevista com a porta-voz do exército começa no minuto 2:20.


Ontem, 22/08, Yossi Gurvitz publicou no mesmo site +972 o artigo Evidence undermines gov’t’s claim that terrorists were Gazans. Entre outras evidencias, ele escreve que
Ontem à noite o jornal egípcio Al Masry Al Youm reportou que as forças de segurança egípcias identificaram três dos atacantes mortos. O Egito tem um forte interesse em dizer que os atacantes eram de Gaza, uma vez que isso diminuiria sua responsabilidade pelos ataques; não obstante, eles dizem que pelo menos dois dos atacantes eram terroristas conhecidos na Península do Sinai. Até onde eu pude descobrir, o resto dos corpos estão em mãos do exército de Israel - o qual, novamente, não revela sua identidade.

Essa história não cheira bem. Israel certamente tem o direito de se defender, mas os responsáveis do ataque deveriam ser encontrados e apenas então um ataque efetuado. Parece filme de velho-oeste: atire primeiro, pergunte depois.

Monday 22 August 2011

Síria

Nos últimos dias postei sobre o último (mais recente, não confundir com derradeiro) capítulo do conflito entre Israel e palestinos.

Eu certamente não sou desses que muda de assunto falando "mas sei-lá-onde a coisa tá muito pior". Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, e vice-versa. Tendo dito isso, creio que cabe dizer que em outros países da região "a coisa tá bem pior", o que não justifica nada e não explica nada sobre o que está acontendo por aqui.

Direto ao ponto. Hoje saiu um statement sobre a situação na Síria pela alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay. Ela estima que o regime de Assad já tenha matado cerca de 2200 pessoas desde o começo dos protestos no meio de Março, destes cerca de 350 desde o início do mês do Ramadan. O comunicado fala sobre o parecer do fact-finding mission enviado à Síria pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. Fala-se sobre o que já sabemos: assassinato direcionado da população civil que (na grande maioria das vezes) protestava pacificamente, levado a cabo pelas forças de segurança e exército sírio.

Quem tiver muita vontade de ler o parecer, pode encontrá-lo aqui, em inglês:


Judeu Burro

Está rolando agora no facebook um link de um post do blog Notes from an overgrown orangutan. O post tem como título Dumb Jew (judeu burro), e abaixo traduzo alguns parágrafos dele:

Quando Israel é atacado por terroristas vindos do outro lado da fronteira com o Egito e oito pessoas morrem, não deveríamos esperar que os egípcios de desculpassem?
Se os palestinos não admitem responsabilidade, deveríamos pelo menos esperar um comunicado condenando o ato?
Quando nós somos o único país do mundo que precisa de sistemas de mísseis de defesa para proteger nossas cidades, E NÓS REALMENTE OS USAMOS, nós não deveríamos esperar que o mundo demonstre um pouco de preocupação, ou até mesmo simpatia?

Leiam o post completo nesse link.

Sunday 21 August 2011

Informação em tempo real

Novamente acordamos com o som da sirene. A primeira às 7h58, depois outra às 8h54. Do segundo disparo foram 3 foguetes, pelo menos um foi atingido pelo sistema Domo de Ferro, porém um foguete passou e atingiu o teto de um centro de esporte de um colégio. Ainda bem que agora são as férias escolares de verão e não havia ninguém lá.

Eu sei o tempo exato dos ataques porque eles são divulgados em diversos sites e fóruns na internet. Se vocês quiserem acompanhar em tempo real o que está acontecendo, abaixo dou alguns links. São todos em hebraico.

Nesse site você escolhe em que cidade está e depois aparece na tela uma imagem como a abaixo:
Em caso de sirene o círculo verde vira vermelho e pisca, e pelas caixas de som é tocada uma gravação avisando sobre o ataque.
Agora mesmo (10h04) tocou outra sirene, na gravação abaixo escuta-se "Tzeva Adom" (cor vermelha, código para um ataque).

http://www.learnbook.co.il/alv/

Rotter.net é um portal de fóruns e notícias. Na página de entrada pode-se ver as últimas ocorrências divulgadas pelos usuários do site. É uma das formas mais rápidas de saber o que caiu e em que cidade, normalmente aparece algo bem antes da imprensa divulgar.
http://rotter.net/

Saturday 20 August 2011

Cara de cedro

Enquanto isso no Palácio da Justiça...
O Líbano barrou uma condenação do Conselho de Segurança contra os ataques terroristas de 5a-feira. Beirute queria incluir uma reprovação à escalada de violência com o bombardeio de Gaza pelas forças israelenses logo após os atentados.

O embaixador israelense na ONU, Ron Prosor, logo respondeu:
"Mais uma vez a ONU fica cega e muda quando se trata de ataques terroristas contra civis israelenses. Não é coincidência que o Líbano, o único país membro do Conselho de Segurança que se opoôs à condenação, é um país controlado por uma organização terrorista."

Isso é mais absurdo que uma palestra contra drogas onde Amy Winehouse é a palestrante. Quase tão absurdo como Arábia Saudita e China fazerem parte do conselho de Direitos Humanos da ONU.


Fonte

Mubarak sai, incerteza entra

Hosni Mubarak está sendo julgado. Agora todos os meios de comunicação se referem a ele como ex-ditador. Ditador. Difícil era achar essa palavra referindo-se a ele nas matérias do globo, folha ou estadão. Mas agora todo mundo diz Ditador de boca cheia.

Mubarak foi um grande parceiro de paz com Israel enquanto estava no poder, e agora que o Egito está se renovando, o acordo de paz está sendo colocado em questão por muitos. A paz com Israel ainda está intimamente ligada à figura de Mubarak.

Desde a revolução no Egito, o deserto do Sinai está descuidado e é agora a forma mais fácil que os terroristas de Gaza tem para atacar Israel. Foi via o Sinai que os terroristas de 5a-feira chegaram a Israel.

Nessa 6a-feira cinco soldados egípcios foram mortos pelo exército Israelense enquanto patrulhavam o Sinai  (ou foram 3? as informações divergem). Não se sabe bem os detalhes, Israel promete incluir autoridades egípcias no processo de investigação. Cairo ameaçou fazer seu embaixador voltar de Tel Aviv se não viesse um pedido de desculpas formal. Centenas de egípcios foram à embaixada israelense no Cairo exigir a expulsão do embaixador.

Fonte

Mais além do extremo

Desde que o Hamas tomou Gaza para si, esse grupo terrorista vem se ocupando em governar, ocupando-se de (entre outras coisas) educação, saúde, moradia. A trégua dos últimos muitos meses lhe convinha muito bem, mas os mais beligerantes entre os seus membros não ficaram satisfeitos com o "abandono do combate contra o inimigo sionista". As facções rivais ganharam força e são as responsáveis pela maior parte dos foguetes dos últimos dias. Foram os Comitês de Resistência Popular que organizaram os ataques da última 5a-feira, quando 8 israelenses foram mortos.

Hoje de tarde tanto Israel quanto Hamas estavam tentando diminuir os ataques de ambos os lados, mas com a grande chuva de mísseis sobre a população civil israelense hoje a noite, fica complicado de imaginar que isso tudo vá terminar logo. Ainda não está claro até que ponto o Hamas está envolvido no disparo dos foguetes, e se já se rendeu à pressão popular de voltar a resistir a ocupação de forma não-pacífica.

É certamente inusitado pensar sobre o Hamas como o mais moderado entre as agrupações palestinas de Gaza.

Por outro lado, Avi Dichter, o antigo chefe do Shin-Beit, publicou um artigo de opinião no ynetnews dizendo que Abu Mazen, o chefe da Autoridade Palestina, não se manifestou a respeito dos ataques terroristas de 5a-feira, o que era esperado do líder de um povo que em menos de um mês vai à ONU pedir para entrar no clube das nações. Vale a pena ler.

O que fazer quando há sirene?


Agora que estamos novamente em clima de guerra o Pikud haOref está nos relembrando o que fazer quando há foguetes chegando. Esse é o órgão responsável pela segurança da população civil, e o website deles (em inglês) está nesse link.

Vejam o vídeo abaixo com as instruções do que fazer:
Popup para vídeo,
ou link para o vídeo.
Aqui estão as instruções escritas.

Desde a guerra contra Gaza há dois anos e meio, o Pikud haOref tem feito treinamentos e exercícios nacionais para preparar a população. Caixas de som foram consertadas ou instaladas em locais onde não se escutava a sirene. Hoje eu gravei com o celular a sirene das 20h40:

Infelizmente voltamos

Nova escalada de violência aqui na região. Abaixo resumo super curto do que vem acontecendo desde 5a-feira 18/08/2011.

5a-feira 18/08/2011
Estima-se que entre 15 a 20 terroristas palestinos participaram dos ataques. Foram planejados e executados pelos Comitês de Resistência Popular, e tinham como objetivo sequestrar um soldado ou civil israelense.
Eles sairam de Gaza para o Sinai no Egito, e de lá entraram no território israelense. No total 8 israelenses foram mortos nos ataques.
Israel respondeu logo, bombardeando uma casa onde se encontravam seis líderes terroristas.
Mais tarde começaram a ser lançados foguetes em direção à população civil israelense.

6a-feira 19/08/2011
Na madrugada entre 5a e 6a-feira a aeronáutica israelense atacou 7 locais em Gaza, incluindo depósitos de armas usadas para terror e túneis no sul de Gaza usados para contrabando. Ao longo do dia 30 foguetes foram lançados a Israel, ferindo pelo menos 7 pessoas.


Sábado 20/08/2011
Mais outras dezenas mísseis lançados ao longo do dia. Em Be'er Sheva, onde eu moro, às 20h40 cerca de oito mísseis caíram, um deles atingindo diretamente um carro, matando um homem, ferindo gravemente outros 4. Aqui em casa já ajeitamos o quarto protegido para podermos dormir "em paz". Em caso de sirene no meio da noite apenas fecharemos a porta de metal e esperaremos para ouvir o BUM (bem longe, espero que no deserto).

Esse é um resumo hiper-superficial e parcial. Leia mais a respeito. Eu não confio na cobertura dos meios brasileiros, recomendo Ynet e Haaretz.

Foto da casa e carro que foram atingidos por dos foguetes hoje a noite, em Beer Sheva. Fonte.

Saturday 2 April 2011

Goldstone reconsidera

Em seu artigo no Washington Post de 01.04.2011, o juiz Richard Goldstone volta atrás e reconsidera as conclusões do relatório da comissão que chefiou para investigar a guerra de Gaza. O relatório foi encomendado pela comissão de direitos humanos da ONU, e concluiu, entre outras coisas, que Israel cometeu crimes de guerra e possíveis crimes contra a humanidade.

Em seu artigo de ontem, Goldstone diz que "Se eu soubesse o que sei agora, o Relatório Goldstone teria sido um documento diferente." Vale a pena ler o artigo.
Artigo original em inglês
Artigo em português [googletranslate]

Netanyahu disse em resposta ao artigo: "O fato de que Goldstone retirou o que disse tem que levar ao arquivamento do relatório de uma vez por todas." [hebraico] [inglês]

Wednesday 23 February 2011

Grad cai em Beer Sheva

Pelo um foguete Grad caiu hoje em Beer Sheva. Cerca das 21h30 escutamos a sirene de alerta e estramos direto no quarto protegido aqui do apartamento. Nas notícias estão confirmando que o foguete que caiu perto de uma casa, parece que ninguém foi ferido.

No Haaretz.com dizem que foram três foguetes: http://www.ynet.co.il/articles/0,7340,L-4033199,00.html

Os foguetes são supostamente uma retaliação por um ataque do exército de Israel a ativistas do Jihad Islâmico, hoje de manhã.

Thursday 3 February 2011

História de Suspense

O que um oligarca russo, uma jovem mensageira e produtos israelense? Na unidade aduaneira do Aeroporto Ben-Gurion, notou-se há algum tempo um movimento incomum de uma viajante russa. Recolheu-se informação de que a viajante costuma vir a Israel por um tempo especialmente curto e logo após duas ou três horas no mesmo dia já voltava pelo mesmo aeroporto. Além disso, ela costumava entrar na sala VIP do aeroporto, normalmente usada por homens de negócio, com o preço de 250 dólares. Desconfiou-se de que a viajante, que voava ida e volta, fosse na verdade uma courier e traficante de drogas, joias ou talvez dinheiro.

No começo dessa semana, a viajante chegou novamente a Israel. Ela chegou no voo da companhia Aerosvit de Kiev. A equipe de investigadores de narcóticos, da divisão aduaneira do aeroporto, começou a segui-la.

A jovem viajante desceu do avião carregando apenas uma pequena bolsa consigo. Como de costume, ela passou pelo lounge VIP e saiu de lá em direção ao estacionamento ao lado. Os detetives continuaram seguindo, enquanto filmavam o evento, e descobriram que ela se encontrou com uma jovem israelense que a esperava.

Os detetives aduaneiros tinham certeza de que a viajante tiraria um pacote ou algum outro objeto que trouxe do exterior, para poder entregá-lo à jovem local. Para sua surpresa, foi a israelense que abriu a porta de seu carro e tirou dois sacos plásticos e os deu à viajante.

Os detetives de dividiram e continuaram seguindo ambas as mulheres. A israelense entrou novamente em seu carro para deixar o local, enquanto a viajante começou a voltar ao terminal para se preparar para o voo de volta. Nesse momento decidiu-se detê-las para investigação.

Na investigação descobriu-se que os dois sacos plásticos continham café turco com cardamomo de produção israelense, pesando no total 10kg. Quando se examinou o material, os investigadores aduaneiros entenderam que realmente havia café turco com cardamomo, de produção israelense.

Em paralelo os detetives entraram no carro da israelense. Numa busca geral pelo carro e nos pertences da mulher não encontrou-se nada, a não ser... o recibo da compra da rede de supermercados "Chatzi Chinam", em Cholon, indicando a compra de saquinhos de café turco.

No inquérito das duas soube-se que a viajante da Rússia de fato viajava para Israel a serviço de um oligarca russo, de origem judia, que de vez em quando queria produtos alimentícios ou roupas de produção israelense. Por ter bastante dinheiro, ele costumava mandar a viajante e outras jovens para Israel para que lhe trouxessem o que queria. No passado ele pediu para que lhe trouxessem "Shkedei Marak" e também vestidos da Kikar Hamedina em Tel Aviv. A jovem israelense era quem se ocupava de comprar os produtos em Israel.

Na autoridade aduaneira esclareceram que não há nenhuma infração legal na atividade das duas mulheres, mas apenas o cumprimento dos caprichos de um oligarca judeu.

Fonte: http://www.themarker.com/tmc/article.jhtml?ElementId=zb20110202_863274969

Saturday 15 January 2011

Equações

Agora já sei como escrever equações no blog :-)

Saturday 8 January 2011

Tamanho de Israel

Voltei recentemente do Brasil e fiquei pensando como tudo lá é muito maior que aqui em Israel. Resolvi fazer eu mesmo uns mapas comparativos. Como sou de São Paulo, o primeiro mapa é uma sobreposição do mapa da cidade de São Paulo sobre o mapa de Israel. Pelo que sei, não existe nenhum mapa como esse por aí, não pude encontrar nada no Google, então não deve existir mesmo...
Os outros dois são mais manjados, são uma sobreposição do mapa de Israel sobre o mapa do Estado de São Paulo e sobre o mapa do Brasil. Já que eu estava com a mão na massa resolvi fazer os mapas eu mesmo, em vez de copiar de um outro site qualquer...

A cidade de São Paulo é tão grande (e Israel é tão pequeno) que a distãncia entre o extremo Sul de São Paulo e seu extremo Norte tem a mesma distãncia que entre as cidades de Ashkelon e Netanya!

Clique nas imagens para vê-las ampliadas.

Área da cidade de São Paulo = 6.7% da área de Israel

Área de Israel = 8.9% da área do Estado de São Paulo

Área de Israel = 0.26% da área do Brasil

Monday 22 November 2010

Meninos e meninas

Saiu dia 17/11/2010 a lista dos nomes mais dados a bebês que nasceram no ano de 2009.
Vemos no gráfico abaixo que a distribuicao de nomes na populacao parece seguir um "Power Law".

Muitos de vocês conheces a "regra do 80-20", que não é nada mais uma aproximação grosseira do que chamamos de Princípio de Pareto, ou lei de Zipf, ou outros nomes existentes, todos relacionados a Lei de Potência.

Fiz um "fit" dos dados com a distribuição de potência, que pode ser visto no gráfico abaixo:

Os dados foram publicados pelo Secretaria Central de Estatística, e podem ser encontrados nesse arquivo pdf. Na penúltima página (9 de 10) pode-se ver quais foram os 20 nomes mais populares para meninos e meninas nos anos de 2009 e 2008.

Na última página vemos os 10 nomes mais populares de muçulmanos em Israel. Entre os meninos muçulmanos, 12% se chamam Muhamad!

Ah, na distribuição de nomes parece valer a regra do 20-30:
Os vinte nomes mais populares são dados a aproximadamente 30% dos bebês nascidos.
Homens: 32.6%
Mulheres: 31.5%

Com os muçulmanos a situação é bem diferente:
Homens: os 10 nomes mais comuns sao dados a 39.1% (contra 20.5% dos meninos judeus) - menos criatividade de nomes
Mulheres: os 10 nomes mais comuns sao dados a 17.7% (contra 20.0% dos meninos judeus) - mais criatividade de nomes

Pode-se inventar qualquer tipo de regra do tipo 80-20, por exemplo:
70-11: de 70 regras inventadas na hora, apenas 11 fazem um mínimo sentido, sendo todas as 70 equivocadas (inclusive essa, que inventei na hora, e não faz o menor sentido).

Os nomes:
Colocação Meninos Meninas
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
נועם - Noam
איתי - Itay
אורי - Uri ou Ori
דניאל - Daniel
דוד - David
יהונתן - Yehonatan
יוסף - Yosef
עידו - Ido
משה - Moshe
אריאל - Ariel
יאיר - Yair
יונתן - Yonatan
אברהם - Avraham
איתמר - Itamar
גיא - Gai
יהודה - Yehuda
נהוראי - Nehorai
ישראל - Israel
עמית - Amit
עומר - Omer
נועה - Noa
שירה - Shira
מאיה - Maya
תמר - Tamar
יעל - Yael
טליה - Talia
שרה - Sara
הילה - Hila
נויה - Noia
מיכל - Michal
מעיין - Maayan
רוני - Roni
רבקה - Rivka
עדי - Adi
ליאן - Lian
אלה - Ela
רחל - Rachel
הודיה - Hodaya
אביגיל - Avigail
ליה - Lia

Thursday 10 June 2010