Tuesday 20 November 2012

Eufemismos

Alguém anônimo me deixou o seguinte comentário no blog:
Yair, olha a "pérola" que foi publicado pela Piauí e no Estado de São Paulo. O link encontra-se abaixo. Quem é esse cara?
Por que ele tem tanto ódio de si mesmo?
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-20/anais-da-imprensa/vocabulario-do-jornalismo-israelense
O texto é de autoria de Yonatan Mendel, de Maio de 2008. Pelo que encontrei no Google, Mendel publica artigos de opinião no Haaretz, mas não sei nada mais a respeito.

Eu gostei do artigo. Aliás, gostei bastante. Recomendo a todos que o leiam. Só pra dar um gostinho:
O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio – uma situação a qual qualquer outra organização armada invejaria. Mesmo quando uma bomba de 1 tonelada é jogada sobre uma densa área residencial de Gaza, matando um homem armado e catorze civis inocentes, inclusive nove crianças, ainda assim não são mortes intencionais nem homicídios: são assassinatos dirigidos. Um jornalista israelense pode dizer que os soldados das FDI atingiram palestinos, ou que os mataram, ou que os mataram por engano, e que os palestinos foram atingidos, ou foram mortos ou mesmo que encontraram a morte (como se estivessem procurando), mas homicídio está fora de cogitação. A conseqüência, quaisquer que sejam as palavras usadas, foi a morte, nas mãos das forças de segurança israelenses, desde o início da segunda intifada, de 2 087 palestinos que nada tinham a ver com a luta armada.
Não acho que Yonatan Mendel tenha ódio de si mesmo. Sou ávido consumidor da mídia israelense, e posso testemunhar que é assim mesmo. No artigo de Mendel não encontrei uma citação a um eufemismo usado pelo jornalismo israelense que me parecesse estranha.

Israel não está acima de qualquer crítica. Conheço defensores incondicionais de Israel, que varrem para baixo do tapete toda notícia ou fato inconveniente. Ninguém está se fazendo nenhum favor fechando os olhos aos dados trazidos pelo texto de Mendel. Tendo dito isso, antes que me chamem de 'judeu-que-odeia-a-si-próprio' ou 'esquerdista-safado-pró-palestino', digo que na minha opinião a maior parte do sofrimento do povo palestino é responsabilidade dos próprios líderes palestinos. Eu não precisava fechar o texto dizendo isso, poderia parar antes, mas agora já escrevi estas palavras e me deu dó de apagar.

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